Numa noite sem lua, dizem que o tempo estava nublado, mas que a lua era cheia, e a segunda lua cheia de um mesmo mês, o que é muito perigoso! Dona Gesy, que tinha terminado de fazer um cesto, aproveitando a última claridade do dia, foi guardar os bambus em baixo da coberta de lona preta. Aí ela viu Pedrinho puxando o cavalo dele, inteiro, pelo cabresto, subir a estrada da fazenda, indo para o cafezal. Diz ela que pensou o que este homem de Deus ia fazer naquelas bandas, quando já anoitecia. A égua da Mariangela que estava pastando na beira do rio empinou as orelhas quando viu o cavalo passar. Mas ele nem ligou o que é de admirar. Aquele cavalo é siderado naquela égua. Dona Gesy diz que não prestou mais atenção e foi guardar a palha.
Escureceu de vez. Ela pegou uns paus de lenha pra botar no fogo e esquentar a água do banho. Aí viu Pedrinho voltar montado no cavalo. Ele falou boa noite dona Gesy. Acabo de encontrar um veadinho perto do cafezal! Uma beleza que ele é! Só mesmo vendo para crer!
Dona Gesy deu boa noite e entrou pra dentro. Que veadinho que nada, falou pro marido. Aqui só tem lobo guará e lontra que come as galinhas! Era mais o cujo, isto sim. Ele foi lá prestar contas a ele.
O marido de dona Gesy fez o sinal da cruz e saiu pro terreiro. Aí deu de cara com Renida olhando para eles com o binóculo. O cujo tá ali, gritou pra mulher e foi na vendinha tomar um porre. E não voltou para casa esta noite, como tantas, pensou dona Gesy.
No dia seguinte ele foi encontrado perto do rio, dormindo ainda, todo molhado de sereno, com uma cruz de sangue desenhada na testa. Ele nunca soube explicar como aquilo tinha acontecido. Que bebera muito pouco. Só umas três cervejas com seu Nico e uma ou duas branquinhas. Que isto não era bebida de derrubar homem!
Dona Gesy sabia que tinham sido ao anjos que o protegeram do cujo que estava solto naquela noite por ordem do Pedrinho. Não foram à toa tantas ave-marias e padre- nossos que rezara a noite toda.
Todo mês de outubro começam as chuvas. Tão certo quanto. Alguns dizem que é em novembro, que elas começam, no dia de finados. Outros dizem que o certo é antes do natal. Mas ninguém sabe com precisão quando elas terminam.
Oi Esther,
ResponderExcluirMas que beleza! Estou lendo de traz pra frente mas acho que nao faz mal. Vc conta esses causos como ninguem. Parabens por mais esse cantinho!
Beijo.
oi sonja, que bom te ver aqui. que bom te saber. eu não sei postar de comprido. sabe como? ter a ordem da leitura, princípio meio e fim; então fica estranho mesmo, do fim pro início.
ResponderExcluirolha, faz crítica por favor, que aí eu envelheço mais aprendendo. beijo, querida.
Aqui esta tudo perfeito Esther...o seu jeitinho eh unico....
ResponderExcluirBeijos mis.
obrigada, sonja. amigo vê com olhos especiais. beijo
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